Tainá Saramago
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Publicação eletrônica da Coordenadoria de Comunicação da UFRJ
Pneumologistas, psiquiatras, ginecologistas, fonoaudiólogos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais formam a equipe multidisciplinar do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo – NETT/UFRJ.
O núcleo é uma unidade de pesquisa clínica e oferece tratamento gratuito para aqueles que desejam abandonar o cigarro.
Localizado no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), o NETT tem por objetivo ser um centro de excelência na pesquisa e tratamento do tabagismo, além atuar sua prevenção, como no projeto “Universidade Livre do Tabaco”, que proíbe o consumo de cigarro nas dependências do Hospital Universitário. E com a proposta de difundir as informações sobre o tabaco na UFRJ, o NETT já pode contar com uma aula na Graduação das Faculdades de Medicina e de Fonoaudiologia. Além de oferecer estágios nas áreas de Pneumologia e Psicologia.
O tabagismo pode ser considerado uma doença comportamental, classificada como infantil, pois raramente começa na fase adulta. Em 90% dos casos, começa-se a fumar antes dos 20 anos. Estudos revelam que de 25 a 30% dos jovens de 10 a 14 anos já experimentaram cigarro ou álcool. É bom lembrar que a facilidade de acesso é o que mais leva a experimentação. “Uma criança que tem o pai ou a mãe fumante tem 50% de chances de ser fumante no futuro, mas se ambos forem fumantes essas chances saltam para 70%”, revela o pneumologista Alberto José de Araújo, diretor do NETT.
O diretor fez questão de dar um alerta para as mulheres. “O cigarro leva a osteoporose precoce, a menopausa precoce e a esterilidade. E ainda, as mulheres que tomam anticoncepcional oral devem ficar atentas, pois o cigarro combinado ao remédio antecipa enfartes e AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais).”, acrescenta doutor Alberto.
Segundo ele, fumar durante a gravidez é altamente prejudicial ao bebê, podendo causar asma, bronquite, infecções respiratórias, dificuldades psicomotoras, baixo peso e prejudicar os processos cognitivos da criança.
Além de poder causar a Síndrome da Morte Súbita no Berço, em que o bebê sofre uma súbita parada cardíaca, devido ao alto teor de nicotina.
“O leite materno passa quatro vezes mais nicotina do que qualquer outro líquido corporal.”, frisou.
Porém, após esse alerta, o médico revelou que quem mais procura ajuda no NETT são as mulheres, ele acredita que os homens são mais orgulhosos e crêem que podem parar de fumar sozinhos. Mas avisa que só 3% dos fumantes conseguem realizar esse ato.
O pneumologista afirmou ainda que 80% dos fumantes sabem que o cigarro faz mal e pensam em parar um dia, mas a dependência já não está mais sob controle.
Os efeitos da abstinência, como a insônia, o mau-humor, a tontura, o estresse, a dificuldade de concentração e até a depressão, são fortes e, muitas vezes, sem a ajuda de um medicamento o paciente não os suporta e volta a fumar.
Em média, um fumante faz de 3 a 10 tentativas até conseguir parar de fumar. Por isso o acompanhamento médico é importante.
Em relação a substituir o cigarro por doces, ou qualquer outro tipo de alimento, Alberto afirmou que em alguns casos funciona, mas que as pessoas devem procurar orientação nutricional para saber que tipos de alimentos ingerir, para não sofrerem um grande aumento de peso.
“Todo tipo saudável de tentativa é válido, deve-se viver um dia de cada vez”, disse o médico.
A evolução do tabagismo, de acordo com o especialista, caminha conforme o patamar social. O baixo ingresso econômico, a violência, a falta de informação, a baixa escolaridade, e a falta de expectativas sociais são fatores que, na maioria das vezes, levam o indivíduo a fumar.
Alberto acredita que em 2020, 70% dos fumantes serão de países em desenvolvimento e ressalta que o Rio de Janeiro já possui 52 unidades de tratamento e que o Brasil é o único país da América Latina, exceto Cuba, a oferecer tratamento gratuito para fumantes.
O NETT funciona no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ.
O telefone de contato é 021-2562-2195.