Não é surpresa que as chances de você fumar são maiores se seus amigos também o fazem.
Mas agora Nicholas Christakis da Escola de Medicina de Harvard e James Fowler da Universidade da California em San Diego, ambas as instituições situadas nos EUA, afirmam peremptoriamente que parar de fumar é contagioso.
Mesmo pessoas que não se conhecem, mas estão conectadas de alguma forma distante, tendem a parar de fumar ao mesmo tempo.
“As pessoas tendem a parar de fumar em rebanhos e este evento coordenado é literalmente como um bando de pássaros mudando de direção”, disse Nicholas. “Portanto fumar não é comportamento individual, mas sim um processo coletivo.”
Nicholas e James seguiram a rede social de cinco mil indivíduos que estiveram envolvidos em um estudo maior pelo período de 32 anos.
Os autores trabalharam cuidadosamente as relações entre os voluntários, muitos dos quais tinham ligação de parentesco, social ou profissional.
Em seguida eles sobrepuseram nesta rede o número de cigarros que cada pessoa fumava por dia.
Em 1971, quando o estudo começou, tanto os fumantes como os não fumantes tinham a mesma chance de estar no centro dos seus “nós” de relações sociais.
Em 2000, no entanto, o número de não-fumantes não apenas superava o de fumantes, em todas as faixas etárias, mas eles também tinham empurrado os fumantes para a margem de quaisquer redes às quais eles pertenciam.
Os fumantes então não estavam mais conectados a tantas outras pessoas. Tal marginalização, diz Nicholas, reflete a nova percepção pela rede como um todo que fumar não é mais desejável.
“Isto mostra que nossos comportamentos relacionados à saúde não são afetados apenas pelos nossos amigos, mas pelo amigo do amigo do amigo, porque os comportamentos em uma rede se transmitem em cascata”, ele disse.
Quando a pessoa pára de fumar, seus contatos mais próximos como amigos e familiares passam a ter 36% a menos de serem fumantes também.
Esse pessoal então influencia seus próprios círculos sociais, e assim por diante, até que pessoas diversos degraus distantes do caso índice também param de fumar.
No estudo, mesmo pessoas que não se identificavam mutuamente como amigas, mas estavam na mesma rede social, foram afetadas pelo comportamento uma da outra: as pessoas que se rotulavam de amigos do caso índice, por exemplo, mas não eram identificadas pelo voluntário índice como amigos, também tinham 20% menos chance de fumar se o caso índice decidisse parar.
Este efeito propagador entre grupos sociais pode parecem bastante óbvio — as pessoas, naturalmente, olham para seus amigos para descobrir o que é socialmente aceitável — mas Nicholas observa que o escopo e tamanho das redes nas quais estes efeitos operam é muito maior do que se pensava anteriormente.
Sua pesquisa, por exemplo, mostra que a distância geográfica entre indivíduos na rede não parece enfraquecer as influências comportamentais.
Isso significa que programas de tratamento e prevenção sobre hábitos de saúde como parar de fumar, perder peso e fazer exercícios podem se tornar mais eficientes ao tomar a vantagem do efeito na rede.
“A propriedade admirável das redes sociais é que elas multiplicam o que se semeia nelas, portanto se você semeia um programa anti fumo, você irá colher o poder multiplicativo nos resultados”, dissse.
No que tange a tornar-se mais saudável como nação, é importante dominar uma povoação primeiramente, uma que seja bem conectada.
Fonte: Para ler o texto em inglês, clique em Time/Saúde