Garotas adolescentes fumam mais do que garotos

Meninas adolescentes começam a fumar mais que os meninos, segundo pesquisa realizada em escolas públicas de São Paulo, sob coordenação do Comitê Antitabaco da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Do total de adolescentes entrevistados, de 12 a 18 anos, quase 10% fumam. Entre eles, 61% são meninas e 39% meninos. Embora não haja uma pesquisa recente nesses moldes no Paraná, especialistas acreditam que por aqui a realidade não seja diferente.
Insegurança e ansiedade seriam algumas das explicações para o aumento do fumo entre as meninas, afirmou uma das integrantes do Comitê Antitabaco da SBC, Silvia Cury.
Diferente dos meninos, que costumam começar a fumar por existir modelo em casa ou para se enturmar, o estresse é o que influencia mais as meninas. 
“Geralmente acontece por questões emocionais e as meninas estão associando cigarro com a bebida alcoólica. Mundialmente ainda temos mais homens fumantes, mas quem começa a fumar hoje, principalmente no Brasil, são mais as meninas”, disse.
Esse crescimento virou preocupação mundial, com a campanha deste ano da Organização Mundial de Saúde (OMS), focada no tema Tabaco e Mulher, e deve ser intensificada na semana que vem, durante o Dia Mundial Sem Tabaco (dia 31).
Entre os adolescentes, Silvia acredita que o caminho é trabalhar o assunto dentro das escolas. Embora a tendência nos últimos anos seja de abandono do cigarro, influenciado por campanhas e leis antitabagismo, na adolescência o índice não diminui muito.
Para quem pensa em parar de fumar, a ajuda de um médico é fundamental. E essa ajuda está deixando a desejar. Em uma consulta médica, quando o paciente diz que é fumante, menos de 20% dos médicos alertam o indivíduo para os malefícios do cigarro.
Dos que alertam para os perigos do fumo, apenas 40% assumem a postura de querer tratar o vício. “Isso é gravíssimo, uma falha de operação de protocolo. A estrutura do plano de saúde não permite que o médico trate o tabagismo”, salienta o presidente da Sociedade Paranaense de Cardiologia, Manoel Canesin.
Espontaneamente, a taxa de abandono do tabagismo não ultrapassa 15%. Se houver ajuda de um profissional, esse índice pode alcançar até 50% de sucesso. Segundo o médico, é necessário uma média de quatro consultas ao mês para discutir o assunto com o paciente, instituir um protocolo de tratamento, pedir testes e receitar medicações específicas.