A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou, através da agência de notícias Bloomberg, que uso do tabaco matará 1 bilhão de pessoas neste século, número de mortes 10 vezes maior do que as fatalidades causadas pelo fumo no período anterior de 100 anos.
Segundo a OMS, só será possível evitar esse cenário caso os governos dos países mais pobres elevem os impostos sobre o consumo do tabaco e obriguem a divulgação de alertas sobre os danos à saúde causados pelo fumo.
Até o momento, nenhum país implementou totalmente essas medidas -- que são consideradas as mais importantes -- para o controle do tabagismo, segundo um relatório de 330 páginas divulgado pelo prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, e pela OMS, sediada em Genebra, na Suíça.
Bloomberg, que ajudou a patrocinar o estudo, participará com a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, de entrevista coletiva a ser realizada em Nova York para discutir as descobertas.
``Esse é um momento único na história da saúde pública, uma vez que as forças da vontade política, das políticas públicas e dos financiamentos estão aliadas para criar o impulso necessário e reduzir drasticamente o uso do tabaco e salvar milhões de vidas até meados deste século", disse Chan na introdução do relatório.
A OMS disse que a epidemia de tabagismo causa a morte de 5,4 milhões de pessoas por ano devido ao câncer de pulmão, a doenças cardíacas e a outras moléstias. Esse número pode subir para 8 milhões de mortes por ano até 2030, sendo que 80 por cento das fatalidades serão registradas em ``países cujas economias de crescimento acelerado oferecem a seus cidadãos a esperança de vida melhor", segundo o relatório.
O tabagismo é a causa de morte mais passível de ser prevenida no mundo, segundo a OMS.
Mesmo assim, os governos de países de baixa e média renda que arrecadam US$ 66,5 bilhões em impostos com a venda de produtos relacionados ao tabaco gastam apenas US$ 14 milhões em medidas antitabagistas, e 95% da população mundial não está protegida pelo tipo de legislação antifumo que Bloomberg implementou em Nova York.
``O relatório divulgado hoje é revolucionário. Pela primeira vez, nós temos abordagem rigorosa para brecar a epidemia de tabagismo e data concreta na qual todos nós teremos de prestar contas", disse Bloomberg.
Bloomberg, 65 anos, fundador bilionário e proprietário majoritário da Bloomberg LP, controladora da Bloomberg News, anunciou em 2006 sua intenção de doar US$ 125 milhões para iniciativas destinadas a acabar com o tabagismo no mundo por meio de sua Bloomberg Family Foundation.
O Departamento de Saúde do prefeito Bloomberg transformou a luta contra o tabagismo em sua prioridade número um, reforçando os limites de idade para a permissão ao fumo, distribuindo adesivos e chicletes de nicotina gratuitamente por meio do telefone 311 -- número municipal de informações de Nova York -- e produzindo anúncios de TV com ex-fumante que perdeu sua voz para o câncer de garganta aos 39 anos.
O relatório da OMS destaca a China, país que é o maior produtor e consumidor mundial de tabaco.
Quase 60% dos homens chineses fumam cigarro, comparativamente a 21% dos homens norte-americanos.
Ao mesmo tempo, o relatório cita pesquisa recente segundo a qual a maioria dos habitantes das cidades chinesas apóia a proibição dos anúncios de cigarro, a adoção de impostos mais altos para o produto e a implementação de proibições ao fumo em locais públicos.